segunda-feira, 29 de dezembro de 2008
Misturado a algumas doses
de garrafas já vazias,
Sinto-me,então, pleno, oceânico.
Contraponho-me ao poeta.
Derramo meu riso,
sorrio meu pranto!
segunda-feira, 27 de outubro de 2008
Domingo-manhã
chamo o indiferente
que reluz oblíquo em meus tênis baratos.
Adentra pela janela,
sem boas maneiras,
sem a suntuosidade de quem é rei.
Brilha para todos, dizem.
Como se rindo,
arde-me a fronte,
irradia em meus pensamentos.
Epifenomenalmente,
me queima a pele.
Imoralmente,
Desnatura o peito.
quarta-feira, 15 de outubro de 2008
Hoje sei bem porque o álcool combina tanto com a vida. Passamos constantemente por estados de embriaguez - depois da euforia, logo vem a depressão.
quinta-feira, 2 de outubro de 2008
Acusas meu id ácido, corrosivo.
Teu tom adstringente
opõe-se a meu mundo,
livre da tua falsa moral.
No fundo, toda profundidade é rasa, bem sei.
Por trás de tua bela oratória,
podes até não ser ácido,
como me dizes...
Mas no caráter de teu discurso,
que químico não te diria uma base,
família 1A?
(ao superego)
quinta-feira, 11 de setembro de 2008
Não há um deus,
amigos,
ou amor.
Há apenas um fado
e um eu.
Eu base, fuste e capitel.
domingo, 17 de agosto de 2008
O tempo passou e as idéias minguaram.
Oficialmente dei um tempo.
sexta-feira, 15 de agosto de 2008
terça-feira, 12 de agosto de 2008
Mil oitocentos e oitenta e oito. Treze de maio. Após uma confluência entre pressões externas e internas, com a promulgação da Lei Áurea, o Brasil fora o último país ocidental a “abolir” oficialmente a prática da escravatura. Através de tal ato a nação pretendia adequar-se ao contexto do trabalho livre, já contemplado em grande parte das nações, e essencial à consolidação da modalidade do capitalismo industrial nascente.
Ao contrário do ocorrido em alguns países, no Brasil, o processo de transição entre a escravidão e o trabalho livre foi decorrente de um arranjo político, não havendo uma guerra civil. Assim, a luta entre abolicionistas e os grandes proprietários escravocratas foi uma batalha parlamentar. Os grandes proprietários rurais defendiam uma volátil ideologia a fim de justificar o cativeiro – alguns afirmavam que traziam benefícios à população negra ao inseri-los em uma “sociedade civilizada”, outros, ou apelavam para a catequese, ou para a simples necessidade do escravismo para manutenção do sistema vigente. Já nos centros urbanos, os abolicionistas defendiam, num discurso ilustrado, o fim da escravidão argumentando ser uma instituição corruptora da moral e dos costumes, que alienava os direitos naturais do homem, além de ser menos produtiva que o trabalho livre.
Apesar desse antagonismo interno entre cidade e campo, o primeiro passo efetivo rumo à abolição – Lei Eusébio de Queirós – foi dado mais por pressão externa, exercida pela Inglaterra, que por mobilização do movimento intelectual urbano, pouco consolidado na época. Ainda que mais tarde esse movimento, já mais bem organizado, venha provocar uma pequena redimensionalização do negro na sociedade, invertendo gradualmente os papéis há muito trocados - o negro deixa de ser coisificado, passando a ser visto como humano e o senhor escravocrata como algoz -, fica claro pós-abolição que seu enfoque era consonante com a questão política e econômica defendida pela Inglaterra, ansiosa em fomentar um mercado consumidor interno em decorrência do assalariamento dos libertos.
O movimento que visava à abolição da escravatura, o fazia, porém, desacompanhado de projetos de inserção do contingente de mão-de-obra negra ao sistema do trabalho livre e de integração do negro com a sociedade – propunha a abolição da escravatura, contudo sem demolir os fundamentos da sociedade escravocrata: a monocultura e o latifúndio. Dessa forma, enquanto fossem mantidos tais fundamentos, as mudanças acarretadas pela abolição seriam apenas superficiais e artificiosas.
A partir do momento em que houve um esforço da classe dominante em negar a afirmação da identidade cultural africana por parte dos cativos, reprimindo valores, danças e cultos, e reavivando a tendência à europeização da sociedade brasileira, esse quadro histórico de exclusão tornou-se ainda mais expressivo. O incentivo à imigração branca e a constante desqualificação do trabalho livre exercido pelo negro resultaram em preconceitos como o do “trabalho de negro”, que relaciona o negro às várias formas de trabalho braçal e até hoje se observa cristalizado em algumas áreas do país.
Mesmo com todo o legado da escravidão, não convém afirmar que as dificuldades enfrentadas pelo negro no mercado de trabalho hodierno sejam unicamente oriundas dos vínculos absorvidos durante o período de escravidão. As próprias relações instituídas são constantemente reestruturadas e remodeladas em novas formas preconceituosas. Admite-se, por exemplo, uma revalorização da cultura lúdica afro-brasileira, a qual acaba por induzir à errônea concepção de que o negro é mais apto à dança e à música que a outras áreas do conhecimento. Tal fenômeno torna-se preocupante por não contribuir para a real inclusão no mercado de trabalho e ainda afetar a auto-estima dos jovens negros, que bombardeados por essas idéias, assimilam estarem menos inclinados à cultura acadêmica.
Impõem-se à população negra inúmeras barreiras a serem transpostas. Há pouco tempo, a “boa aparência” era um dos critérios para a ocupação de cargos – sabe-se que por tal se subtendia feições não-negras, configurando um artifício do empresariado para tolher a participação desse segmento étnico no mercado de trabalho. Ademais, a própria marginalização social e os baixos índices de formação do trabalhador negro ratificam a posição que lhe é designada.
A competição pelo espaço no mercado de trabalho permanece desigual inclusive quando brancos e negros atingem patamares educacionais semelhantes. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE -, brancos chegam a receber em média salários duas vezes maiores que os recebidos por negros e, dentre os desempregados, o número de negros é maior.
Mediante toda a conjuntura apresentada, percebe-se que a função social do trabalho, preceito basilar constitucional, juntamente com o direito fundamental à igualdade, que no estado democrático de direito, além de formal, é material, deve ser assegurado através de políticas que possibilitem uma gradual mudança de mentalidade social. Somente assim, cento e vinte anos depois, poderemos finalmente dizer que a escravidão foi abolida. Sem aspas.
P.S. - essa redação foi terceiro lugar de um negócio aí.
quinta-feira, 7 de agosto de 2008
Wireless e touch screens
não tocam o coRazão do homem hodierno.
Sozinho, sem fios e filhos,
Moderno, se diz.
E diz solitário, eu eu eu.
Veste o oco com pano pouco. Tolo.
Esconde o vácuo com armaduras vãs.
Etiquetas!
Porém, ao escutar Aquele oi rouco,
ouve também o lamentar do corazão.
"Não gosto dessa prisão.
Ai se seis fossem nove...".
sábado, 2 de agosto de 2008
Dado tal tempo d'o tempo,
dum tempo de mim,
um tempo teu,
meu dou um tempo de ti.
Falta o tempo meu.
Entretanto,
no tempo de ti dado,
dado um tempo,
sinto falta do tempo teu.
"Falta tempo!
- Dado ao tempo."
Falto.
(eu)
sábado, 26 de julho de 2008
Hoje sinto dores,
e não são de amoreS.
Meu peito arde,
e não é paixão.
Deitado na cama,
que também chamam mesa,
me cortaram o peito
como lá no mato se trincha porco.
Em requintes cruéis,
ao som de grilos Hitchcock,
me cortaram o peito
como lá no mato se destrincha porco.
Hoje sinto dores,
e não são de amoreS.
Meu peito arde,
e não é paixão.
terça-feira, 22 de julho de 2008
Virei incendiário.
Vou tocar fogo no blog.
1 fósforo e 60 mL de querosene
ardendo idéias e sentimentos mentidos.
1 + 6 + 0, 7.
Fogo Perfeito!
(Combinação cabalística milimetricamente arquitetada).
E do que sobrar do defunto, perfeito, - as cinzas - farei um novo poema.
segunda-feira, 21 de julho de 2008
domingo, 20 de julho de 2008
sexta-feira, 18 de julho de 2008
Numa saída casual ao
trouxe comigo um pacotinho.
Balas daquelas bem escrotas
quarta-feira, 16 de julho de 2008
1+ 6, 7
Perfeição!
É hoje teu dia, minha quimera, o dia em que tu nasces!
E é hoje, no teu dia, minha quimera, o dia em que morro.
Porque tua vida não pode ser senão sinônimo de minha morte,
porque é só na tua ausência que tenho vida (própria).
Parabéns, fantasia.
sábado, 12 de julho de 2008
.
Sejamos mais criativos e menos saudosistas, saibamos traduzir nossa era como merece ser traduzida. É tempo do digital, do caos urbano, do povo sem crença, do amores efêmeros, do desamor. Olhemos sim para o passado, mas como quem olha para algo que já foi superado. Contemplemo-lo a distância.
sexta-feira, 4 de julho de 2008
Numa bandeja me trouxeram
um copo cheio desse estado
de semi-demência.
(Mentiram-me ser um tônico)
Engoli.
Engasguei.
quinta-feira, 3 de julho de 2008
Eletro, ecocardiogramas. Normais.
Se passar do terceiro dia,
essa dor que invade meu peito
e me faz ver estrelas onde sequer há céu,
se passar do terceiro dia,
é amor.
quarta-feira, 2 de julho de 2008
Na sociedade pós-moderna, pois não apenas moderna.
Oi.
tudo bem?
tiamo,
tiau.
Sente.men(te).tiau.
sábado, 14 de junho de 2008
Na sina de viver só com migo,
sem amigo,
sigo
e consigo
viver a sina
de só
viver.
segunda-feira, 9 de junho de 2008
Vivo a poesia das cidades
escrita em flyers de supermercado, ganhos no sinal.
Descartável.
Escrevo, amasso e jogo fora -
pela janela do carro,
pra entupir bueiro.
Sento-me no banco do coletivo,
Muito na cabeça, barriga cheia de vazio.
Ao meu lado, uma senhora negra,
cuja expressão denunciava a vida. Magra.
Levada a muito sofrimento e pouco sustento.
- Desculpa perguntar, quantos anos?
-17.
- Meu neto tem 15 e já é quase do teu tamanho - maior que todos da família.
- É, lá em casa também é assim...
- Vendo pêtas, não quer um pacote?
- Quanto custa?
- Hum i vinticinco.
- Não, obrigado.
Ali findou aquele curto papo. Meu bolso acomodava uma única moeda de 1 real - edição comemorativa, 40 anos do Banco central. De nada me valia.
Que deus abençoe a inflação!
sábado, 7 de junho de 2008
Desculpe, eu me amo -
Tanto que procuro n'outrem
eu.
Desculpe, eu me amo.
quarta-feira, 28 de maio de 2008
Exercício mental
Repita comigo: Jamais postarei trabalhos escolares no blog
"Jamais postarei trabalhos escolares no blog.
Nunca, nunca..."
Repito comigo: Jamais postarei trabalhos escolares no blog ?
quarta-feira, 21 de maio de 2008
Água mole em Britto dura, tanto bate e nunca fura.
Alguém aí aceita um convite no orkut?
quarta-feira, 14 de maio de 2008
solitárias, ébrias -
no gelar das calçadas.
Velho violeiro.
O fado errante,
sob o luar pudico,
disseca-lhe o peito inconstante.
Pobre violeiro.
Ainda em vestes degradantes,
o traço da elegância,
acordes embevecentes.
Velho violeiro.
- A imagem que ilustra o texto é de um quadro de Pablo Picasso - "O velho guitarrista" ; "O velho violonista" - tanto faz.
quinta-feira, 8 de maio de 2008
A felicidade é um fone de ouvido Philips.
quarta-feira, 7 de maio de 2008
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domingo, 4 de maio de 2008
Tu, tu, tu - onomatopaico
Tu, tu, tu - pronominal
Tu, tu, tu - indisponível, ocupada
Tu, tu, tu - que nunca me pertenceste, jamais.
É bem verdade, a chama ainda queima. Mas em fogo baixo.
terça-feira, 29 de abril de 2008
Minha avó simplesmente diria : PERDEM A VERGONHA NA CARA!
quinta-feira, 17 de abril de 2008
E eu que sou tão frio.
Um gelo.
Derreto-me todo.
[ao simples avistar de uma fagulha do teu olhar]
terça-feira, 1 de abril de 2008
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terça-feira, 25 de março de 2008
P.S. : Tudo bem, eu sei que não consegui fingir que tudo antes disso não é metalingüístico, mas pelo menos eu tentei. puta que pariu.
segunda-feira, 24 de março de 2008
Na falta de tempo - disposição, na verdade - de inventar mais baboseiras metalingüisticas, postarei mais um trabalho escolar. Mediocre aluno do ensino médio. Não reparem na acriticidade.
quarta-feira, 19 de março de 2008
segunda-feira, 17 de março de 2008
A fronteira entre o dois na mão e o um voando
3 comentários Postado por Paulo César di Linharez às 20:47Disseram por aí um dia : "Quanto maior a altura, maior a queda". A mim me pareceu tão verdade que complementei : Quem tudo pode sonhar, tudo pode perder. A grandiosidade do seu sonho é análoga à queda da decepção.
sábado, 8 de março de 2008
quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008
Nos menores frascos estão os melhores perfumes. Sim, eu quem inventou isso.
segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008
Constante inconstância na multidão. Forças opostas que se confrontam numa terrível carência de equilíbrio. A reclusão chama o convívio social, o convívio social chama a reclusão. O isolamento me cansa em seu tédio, na insuportável companhia de mim mesmo. Ainda que ciente da repugnância da sociedade, da vindoura necessidade de voltar a fechar-me em mim, é preciso ter alguém próximo, alguém amigo o suficiente pra dividir a dor da agressão dirigida para si, a dor da solidão.
Rir pros outros, chorar pra si. Adorei a escola nova.
sábado, 9 de fevereiro de 2008
Reza a lenda que aqui havia poema tão sem-vergonha ( em todos os sentidos) que o dono sentiu vergonha.
domingo, 13 de janeiro de 2008
Os conhecidos sabem como é difícil fazer uma rápida dissociação entre a minha figura e a música, e é nela, não na minha figura, e sim na música, que eu venho pedir arrego nessa segunda postagem. Eu, que detesto ter de concordar com qualquer crítico musical, só e somente desta vez, pego carona no mais clichê dos comentários, naquele de que o pesadelo de qualquer um que se atreva a fazer música é o segundo cd. Sem dúvidas, o pesadelo de qualquer blogueiro é a segunda postagem.