terça-feira, 12 de junho de 2012

Reencontro III


Não quer acordar
Dorme finge e dorme de novo
Sente frio com o sol escaldante
e se cobre.

Tinha uma companhia
Quase desejada
Pouco fala, mas
agora mente mais.

Mentem ambos
e ambos sabem que ambos mentem
e até acreditam.

São profundos
Por se permitirem falar
Deveriam ter dito antes
precipitados
empolgados
vigorosos.

Maduros
não conseguem calar
São banais
Eu te amo.

Reencontro II

silêncio. até então não aprendera a calar. é covarde demais pra ensurdecer no silêncio, para se deixar silenciar. prefere falar. e o silêncio é tensão é, quiçá, tesão, incongruência, afinidade, incompreensão. o ar estava repleto de silêncio e sabiam que diziam tudo que merecia ser dito, eram sinceros no seu silêncio, no tédio um do outro, na falta de sentido, no fim. o melhor era silêncio. mas até então não aprendera a calar, e como não havia nada a ser dito, banal precipitou uma palavra.

acabou a sinceridade, ambos se abraçaram, se amaram e mentiram felizes.

Reencontro I

Tinha um riso farto
todo todo murcho
um jeito infeliz
de quem é amada
e uma companhia
quase desejada.

Quase se desejam -
antes abusam um do outro.
Por conveniência
diz-lhe que é profundo
- provavelmente
falava do tédio

Papo de alcova
surge quase nada
hora ou outra até esboçam uma risada
cansaço trabalho tempo tédio
sono.

Covarde fode rápido
diz que foi gozou mais de uma
e chorando pela covardia de ter sido quase
dorme.

Não quer acordar.