quarta-feira, 7 de março de 2012

Das vestes e outras coisas

I

Poetas não se vestem de poeta
como médicos que saem a trabalhar
cheios de si em
trajes brancos .

Poetas não se vestem de poeta
como fazem os juristas
pomposos em
roupas abestadas .

Não se vestem de poeta
com a gente
simples
em uniformes - cara do patrão, cara da empresa .

Muito menos se vestem de poeta
como os ansiosos pelos ditames da última
moda .

Não, poetas não .

II
Poetas não se vestem de poeta
porque a sombra do cajueiro
era o repouso mais agradável do
CCSo e em seu lugar
construíram uma rampa
porque sentar na ágora do
CCH te faz parecer mais sábio
porque, até hoje, a PedeGinja
nunca tocou na UFMA ...

Poetas não se vestem de poeta
porque as rodas-de-samba sempre
são redondas no quintal lá de casa
porque as noites no INCULCAAR
sempre serão mágicas
porque as Confrarias vão rolar até que
no horizonte
o céu se distingua do mar ...

Poetas não se vestem de poeta
porque teu andar de lado
pulante e altivo
se tornou fotografia
porque a fita lilás em teu braço forte
te faz parecer frágil
porque os lençóis suados e quentes
ainda exalam nossos odores ...

Poetas não se vestem de poeta
porque ______________________________
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III
Poetas saem às ruas .
ou ficam em casa .
nus .

quinta-feira, 1 de março de 2012

saudade e tormento

Passara tanto fluxo
tanto sentimento
e foram só uns quatro tempos

Uns quatro mil
momentos
para não enquadrar
o tempo
em dias que me atormento

E quanta poesia
quanto afago
visitei
E quanto tuas danças
me embalam as lembranças

E todos os teus laços
que desato a sorrir
e todos os instantes
que vivi dentro de ti

Passara tanto fluxo
e tanto sentimento
enfim,
só foram quatro
tempos
.