quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Ou não

Sempre fui assim... Ou mais, ou menos assim, talvez. Pelo menos desde que eu me entendo por menino - digo isso, também, porque, por um tempo, entenderam que eu bebê fosse menina, Maria Luísa seria, que linda!, mas me refiro a mim molecote mesmo - eu sou desse jeito. E não me entendam mal, jamais!, que dessa parte entre menino e menina fui sempre menino muito bem entendido, obrigado.

A questão que me passava era ser um moleque medroso, sabe... De tão medroso que, até no falar refletia - era uma mania de talvez, se, mais ou menos. Aqueles coleguinhas na escola todos cheios de certeza, de esperteza, de si, com os braços empinados pedindo a fala, me faziam sentir mais murcho, no meu cantinho com meus talvez, se, mais ou menos... Me recordo bem de uma vez em que a Tia Ana veio me perguntando como havia sido o final de semana, assim, na frente da turma toda e eu, Desprevenido da Silva, me enrolei tanto que consegui deixá-la mais sem graça que eu.

Eu tinha medo de um tudo. O fofão do carnaval, figura típica desta região, me afligiu uns tantos anos Madre-Deus a mais do que fez aos outros colegas e só deixou de ser meu inimigo mor depois que consegui me perceber ridículo em meu medo – já meio marmanjo. Ninguém lá em casa entendia a razão de eu cagar de porta aberta. Mas que mau modo absurdo, a casa toda fedendo a merda! Cagava mesmo!, mau modo por medo de uma imagem de São Benedito que ficava no quarto ao lado. Que me perdoe o Movimento Negro, mas que diaxo que ele tinha de ser negrão-cor-de-carvão-que-eu-nunca-vi-igual? Depois até me entendi com Seu Biné, e no final, claro, rolou uma promessinha.

Acontece que eu fui crescendo. Não deixei de ser medroso, mas não dá pra ter 20 anos e ter medo de fofão nem cagar de porta aberta(por favor, não me digam!). Só teve que eu cresci um pouco demais. E adivinhem o que: medo de altura! Quem nunca ouviu por aí os ditos, ‘quanto maior a altura, maior o tombo’, ‘ nos menores frascos estão os melhores perfumes’? Pois é, eu me tornei a personificação disso. Não sei nem porque estou escrevendo tanto nesse texto... Pode até ser que fique bom, né? Ou não...


10 comentários:

Paulo César di Linharez disse...

Cara, é muito legal escrever cagar e ver o word querendo corrigir para defecar.

Fóssil disse...

Muito legal, Paulo! Me identifiquei bastante com o texto, embora nunca tenha cagado (meu word não faz isso, mas Caio disse que o dele faz huahauhaa) de porta aberta nem nunca tive medo de São Benedito. Mas sempre fui conhecido por ser medroso e ainda não é diferente. Eu certamente não tenho medo de altura, pelo menos, afinal meu hábitat natural é em cima do muro =P Todo dia é um combate pra descer de lá.

Jéssica Mendes disse...

Eu tenho medo do escuro, dos fantasmas da minha voz ♫

Eu sou bem medrosa, só que minha reação é diferente: disfarço medo com galudice e se-achismo! :D :D :D

E eu ri pacas com este texto! :D

Anônimo disse...

Cagava de porta aberta?
ha
haha
hahaha
hahahaha
etc etc..
Ah, mas ficou bom sim!

Coimbra Sousa disse...

" Me desculpe o movimento negro..."

Muito bom esse texto paulo, me fez lembrar de uma frase que por vezes tu deves ouvir também:

"Porra, mas tu é só tamanho!"

"Não!" seria a resposta. eu não sei é o complemento, fica por isso mesmo...

Unknown disse...

Esse texto tá a tua cara...parece que eu estou vendo vc naquela casa do cohatrac, 17 anos atrás, correndo nu, brincando, ou chorando, buscando a cleonice, tua avó, ou a tua mãe... mas é isso aí, agora você estabeleceu seu divã metalinguisticamente...Um beijo

Anônimo disse...

Só aqui pra nós: eu também tinha medo de fofão... :P

Gostei muito do seu blog e principalmente do que você escreve.

Topa fazer participação especial no meu?

Até!

Unknown disse...

Eu ri que me caguei!

Maria disse...

Interessante é que o medo passado sempre vira gracejo. O medo futuro é bobagem. Do medo presente pouco se sabe...quase nunca se vive nesse tempo...

que texto bom!

Renatinha disse...

Paulão, querido. Quando saí da maternidade, pleno canarvalzão... Mamãe disse que deu de cara com um fofão. Não me pergunte como, mas o bebe de 1 semana deu febre na hora. uehueheuh . continue domando seus medos.

renatinha : )