quinta-feira, 27 de maio de 2010

Supersonia

Dorme,
tanto que acorda já cansado.

Não é em noite que sonha
o tempo e a cidade
nem ao menos transmuta
agonia em ternura
amor e
versos.

Só dorme o sono pesado.
Tanto que acorda já cansado.

domingo, 23 de maio de 2010

Olimpo


Fácil admitir que
entre mim e o Olimpo
há uma escada de
cem muitos e sem degraus.

Pouco dinheiro,
falta de tempo,
Estou sempre quase-cansado
cabelos sem corte,
Dor-de-cabeça
e de simpatia não me sobra
quase-nada.

Pensar no Grande Desatino
custa tempo demais.

A canção não pára e a preguiça
a rede embala.

Aqui me reconcilio.

Não perder a poesia ao amar,
jamais.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Manifesto Cotidianista II


Pela via contrária
busquei redizer minha
noite cansada
em poesia.

Pra que inventar
tanta pompa
na letra e juntar
palavra com burocracia?

No fundo foi só
dor-de-cabeça
desejo politicamente incorreto e
a santa punheta
de todo dia.

sábado, 8 de maio de 2010

Acorde


A dissonância de um acorde me tira
o sono intranqüilo.
À corda atento o movimento:
O som,
o ar que vibra.

Por entre reis e leis,
talvez.
Por entre o ás e o eu...

Já faz um tempo
e eu nem sei
bem bem por onde estive.

Mas eis que acordo dissonante,
cambaleante,
com uma camada de ar me arrepio e memorizo.
Tipo quem olha pra trás,
num desafio de si mesmo:
- Acorda!, é um sinal reconhecido.